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Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855)

Filósofo dinamarquês. Nasceu em Copenhague. Kierkegaard foi o sétimo filho de uma próspera família que, após abandonar o trabalho com a agricultura em Jutland, se mudou para Copenhague para trabalhar com o comércio de lã. Recebeu uma austera educação luterana do pai que, além dos rigorosos preceitos religiosos, submeteu-o ao aprendizado de grego e latim.

Em 1830, ingressou no curso de teologia na Universidade de Copenhague, concluindo-o apenas em 1841, após a sua interrupção por um breve período de crise causado pela morte do pai em 1838, com a tese sobre O conceito de Ironia, um estudo acerca do pensamento socrático.

Desistiu a um só tempo de sua carreira de pastor e de seu noivado com Regine Olsen, a fim de dedicar-se completamente à investigação filosófica, passando a levar uma vida solitária e isolada.

Kierkgaard escreveu uma extensa obra assinada com curiosos pseudônimos: Victor Eremita, Johannes de Silentio, Constantin Constantio, Johannes Climacus, Nicolaus Notabene, Virgilius Haufniensis, Hilarius Bogbinder, Anti-Climacus. Entre estas obras, salientam-se Sobre o conceito de ironia, Discursos Edificantes, Ou, ou.

Um fragmento de vida, Temor e Tremor, A repetição, O conceito de angústia, Etapas no caminho da vida, O desespero humano (Doença até a morte).

A filosofia de Kierkgaard se edifica no confronto com o pensamento especulativo de Hegel (1770-1831), que busca a essência do real na verdade absoluta do pensamento.

Ao contrário das certezas e necessidades lógicas do pensamento sistemático, Kierkgaard afirma que a realidade se funda na existência e esta, por sua vez, na imponderável instância do acontecimento humano; contra a dialética abstrata dos conceitos racionais, vivemos concretamente a angústia de existirmos na possibilidade de ser:.

"Tudo se passa com os filósofos (com Hegel (1770-1831) e os outros) como com todo mundo: na sua existência cotidiana, os filósofos se servem de categorias completamente diferentes daquelas que estabelecem em suas construções especulativas, e não é, de modo algum, nos princípios que solenemente proclamam, que exaurem suas consolações".

Considerado o precursor do existencialismo, Kierkegaard refuta a universalidade lógica da verdade conceitual para fundar o seu pensamento na existência singular e intransferível do homem.

Para ele, ser homem, existir, é ter que viver a angústia de ser na necessária contingência de cada instante; e de tal modo que ninguém pode outorgar ou assumir a possibilidade do outro, tendo assim que, impreterivelmente, se responsabilizar pela tarefa de sua existência.

Ao contrário tanto das outras criaturas, cujas determinações individuais foram estabelecidas pelas características da respectiva espécie, como de Deus, que é eterno e assim absoluto, o homem precisa vir a ser o que ele é; nas palavras de Kierkegaard, somente o homem existe - o que significa dizer: somente o homem pertence à dimensão do tempo.

O tempo, não como a sucessão indiferenciada e universal dos momentos cronológicos, mas como a longa preparação e a súbita precipitação no instante, é o fundamento da existência.

O instante é assim o que subitamente assume sentido e mobiliza a existência do homem, iluminando-a nas suas mais próprias possibilidades e que, por isso, impõe constantemente ao homem o afrontamento ou a resignação, a decisão ou o abandono, a libertação ou a servidão frente à necessidade de assumir o que o intima a ser ou perder-se.

Opondo-se à determinação apodídica da lógica dialética, para Kierkegaard a verdade ocorre na decisão do instante, como uma tarefa da liberdade de existir.

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Søren Kierkegaard (Dinamarca)


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Fonte: •Enciclopédia Digital 99 • ( Literatura e Leitura ) •