Iluminismo (Séc. XVIII)

Recebe esta denominação o movimento cultural e filosófico ocorrido na Europa, no período que vai da revolução inglesa (1688) à revolução francesa (1789). O século XVIII é, devido a esta diretriz de pensamento, igualmente chamado Século das Luzes. Podemos compreender isto que “ilumina” a época em questão como a crença no desenvolvimento sem limites da razão; esta pode ser encarada como a principal característica deste movimento, desde a qual as demais considerações se fundamentam.

O iluminismo surgiu na Inglaterra, a partir da influência das considerações dos filósofos empiristas, especialmente de John Locke (1632-1704) ; de lá, difundiu-se para a França, local onde consolidou-se de maneira mais plena, especialmente a partir do pensamento dos enciclopedistas, indo para a Alemanha e Itália, países onde este movimento não obteve a mesma força de expressão.

É possível apontar duas correntes filosóficas, em especial, como as principais influências que contribuíram para formar a mentalidade iluminista: o empirismo inglês e o racionalismo do século XVII. Deste último, o iluminismo herda a consciência da importância da razão para a apropriação cognoscente da realidade e para o domínio efetivo das leis da natureza; contudo, sua diferença marcante com relação ao racionalismo é que este encara as idéias, conteúdo da razão, desde uma postura inatista, abordando o conhecimento dos princípios constitutivos do real como algo já presente, de modo predeterminado, na alma humana. Para os iluministas, ao contrário, a razão constitui uma faculdade formada a partir da experiência. Esta compreensão da experiência e da importância do mundo sensível como formadores do conhecimento, em oposição à hegemonia da mera especulação racional, é a principal contribuição do empirismo para a formação desta modalidade de pensamento.

A razão é encarada, pelos pensadores do iluminismo, como a faculdade capaz de libertar o homem dos principais inimigos de todo conhecimento e progresso: a ignorância, o obscurantismo e a superstição. Desta maneira, estes pensadores empreendem luta contra tudo que possa servir de obstáculo ao livre desenvolvimento de suas possibilidades; por isso, é próprio ao movimento elaborar considerações não apenas filosóficas, mas sobretudo de caráter social, ético, político e religioso. A estruturação social vigente na época, bem como o excessivo poder de decisão concedido à Igreja acerca de questões temporais, são radicalmente criticados por estes teóricos. Assim, este pensamento invade vários campos da atividade humana: social e político, na crítica às instituições vigentes e, em vários pensadores, com a proposta de reformulação baseada em um despotismo esclarecido; científico, pela consideração de que o conhecimento da natureza é o meio eficaz para alcançar sua dominação; moral e religioso, por sua tentativa de aclarar, “iluminar” a origem dos dogmas e das leis, propondo uma religião e moral naturais, ditadas pela razão, no confronto com as necessidades impostas pela natureza.

Alguns dos principais representantes do iluminismo: Toland, Collins, Clarke, Diderot ( 1713-1784), D‘Alembert (1717-1783), Rousseau (1712-1778), Voltaire, Montesquieu, Helvetius, Baumgarten (1714-1767), Lessing, Giambattista Vico (1668-1744), Galiani, Muratori, Beccaria.