Jânio Quadros (1917-1992)
Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo Grande (MT) a 25 de janeiro de 1917. Foi presidente da República em 1961, permanecendo sete meses no poder até sua renúncia.
Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1939, tornando-se a seguir professor do colégio Dante Alighieri.
Em 1948 elegeu-se vereador pelo Partido Democrata Cristão. Em 1951 foi o candidato mais votado para deputado estadual.
Em 22 de março de 1953 vence as eleições para a prefeitura de São Paulo. Jânio ganhou apoio popular com suas atitudes controvertidas e polêmicas, sempre com a promessa de "varrer" a sujeira e a corrupção do governo. Seu símbolo de campanha tornou-se uma vassoura.
Venceu, em 3 de outubro de 1954, as eleições para o governo do estado de São Paulo, apoiado pelo Partido Socialista Brasileiro e pelo Partido Trabalhista Nacional (já que havia discordâncias com o PDC).
Para as eleições presidenciais de 3 de outubro de 1955, resolve esperar e apóia a candidatura do General Juarez Távora da UDN, que acaba saindo derrotado na disputa com Juscelino Kubitschek.
Termina seu mandato de governador em 31 de janeiro de 1959, conseguindo eleger seu sucessor no governo do estado, Carlos Alberto de Carvalho Pinto.
É eleito deputado federal pelo estado do Paraná, toma posse, mas ausenta-se para empreender uma "viagem de estudos" ao redor do mundo. Foi recebido por todos os governos que visitou como convidado, entre eles Mao Tse-Tung, Nehru, Nasser, Tito, Ben Gurion, entre outros.
Voltando ao Brasil candidata-se à presidência pela UDN, e é eleito em 3 de outubro de 1960 com a maior votação que um político jamais havia alcançado no Brasil, 5.636.632 votos, bem à frente do segundo colocado o Marechal Henrique Teixeira Lott.
A burguesia brasileira, aliada aos interesses norte-americanos e militares de alta-patente, identificaram-se com vários pontos do programa político de Jânio Quadros.
No poder procurou restabelecer o equilíbrio das finanças do país, tomando medidas anti-inflacionárias, limitou a remessa de lucros para o exterior e apurou denúncias de corrupção.
Mesmo na presidência, porém, Jânio continuava controverso e conflitante, adotou uma política externa independente, aproximando-se de países socialistas como a China e a URSS, provocando uma grande reação da direita no país, principalmente da parte de Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara.
A própria opinião pública que sempre o apoiou, reagiu a algumas de suas medidas, como a proibição do biquíni, das brigas-de-galo e a regulamentação das corridas de cavalo.
Jânio demonstrou simpatia pela Revolução Cubana, chegando a condecorar Ernesto Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul em 19 de agosto de 1961. Lacerda veio ao público pela televisão para acusar Jânio de querer entregar o Brasil ao comunismo. A pressão política tornou-se forte e, a 25 de agosto de 1961, renuncia, deixando um carta alegando "forças terríveis" como o principal motivo de sua atitude.
O poder deveria ser ocupado pelo vice-presidente João Goulart, que se encontrava em visita à República Popular da China. A direita aproveitou a oportunidade para tentar impedir a posse de Goulart, acusando-o de estar comprometido com os comunistas. Iniciava-se aí o processo que levaria ao Golpe de 64.
Para garantir a posse de Goulart, levantou-se o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Jango. A situação se agrava e poderia degenerar numa guerra civil. O Congresso aprova então uma emenda que instaurava o regime parlamentarista no Brasil.
Enquanto Jango não chegava, a presidência foi ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli.
Dois dias após a renúncia, Jânio embarcou numa viagem ao exterior. Volta ao Brasil e em 1962 disputa as eleições para o governo do estado de São Paulo, perdendo para Ademar de Barros.
Com o Golpe de 64 teve cassado seus direitos políticos, cessando aí lentamente sua participação política, até reaparecer de novo nas eleições para prefeito de São Paulo em 1985, quando disputou e venceu o candidato Fernando Henrique Cardoso. Como sempre sua gestão na prefeitura foi polêmica.
Segundo o historiador Jacob Gorender em seu livro Combate nas Trevas: "Jânio imaginou que podia governar o país como fez com o estado de São Paulo, isto é, sem compromissos partidários. O seu distanciamento da UDN, que o ajudou a vencer o páreo eleitoral, foi detectado e Carlos Lacerda iniciou a escalada de acusações escandalosas. Mal completados sete meses de governo, a renúncia de Jânio a 25 de agosto de 1961 visou a obrigar o Congresso a castrar suas prerrogativas constitucionais e fortalecer as atribuições do Presidente da República. A manobra da renúncia fracassou (...)" (pg. 19).
Morreu em 16 de fevereiro de 1992 na cidade de São Paulo.