Silviano Santiago
No livro Em liberdade, ficção de Silviano Santiago publicada em 1981, podemos encontrar
a busca de continuidade do livro de memórias de Graciliano Ramos, Memórias do cárcere,
publicado inacabado após sua morte em 1953, onde o autor escreve sobre os dez meses e dez dias
em que ficou preso (3 de março de 1936 a 13 de janeiro de 1937). Quando morreu Graciliano
Ramos, faltava apenas a escrita de um capítulo dessas memórias, tal como nos informa a nota
explicativa de seu filho, Ricardo Ramos, apresentada ao final do segundo volume. Ricardo conta
uma conversa que teve com o pai sobre esse último capítulo. Gracialiano lhe dissera ser tarefa de
uma semana a redação do capítulo que faltava; “pretendia escrever das sensações de liberdade, a
saída, uns restos de prisão a acompanhá-lo em ruas quase estranhas”: “Um fim literário”. É isso que
faz Silviano Santiago em 1981. E muito mais.
Silviano Santiago coloca em diálogo o poeta Cláudio Manuel da Costa (poeta e rebelde do
século XVIII que participou da rebelião de Vila Rica em 1789), o romancista Graciliano Ramos (na
década de 1930), o jornalista Wladimir Herzog (morto em fins da década de 1970) e ele mesmo.
Temos então uma conversa onde o papel do intelectual brasileiro frente a regimes autoritários e
intolerantes ecoa durante o livro todo. Nesse livro tudo é verídico e tudo é ficção e, portanto, as
relações entre literatura, história e biografia são objeto de constante questionamento.
Tanto no plano
geral quanto no mais específico, o romance coloca em questão a discussão sobre identidade e
fragmentação, nas duas dimensões de identidade, a identidade coletiva de um país, o Brasil, e a
identidade pessoal do autor, do personagem e do próprio leitor em vários lugares e em vários
momentos.
Informações sobre Silviano Santiago
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Silviano Santiago recebe a Ordem do Mérito Cultural
Obra:
Em Liberdade - Resumo