A Guerra de Canudos, ocorrida no final do século XIX, teve como documento histórico e literário uma das maiores obras escritas em território nacional: "Os Sertões", de Euclides da Cunha (1866 - 1909), em que se realiza um profundo estudo in loco sobre as características da terra, do homem local e do próprio conflito, estudos à luz das teorias científicas então vigentes (determinismo).
A obra encerra um caráter de denúncia ao massacre desferido pelas tropas republicanas, ou seja, revela um crime cometido pelo próprio governo federal.
O conflito entre a aldeia de Canudos e a República foi gerado a partir do momento em que o governo sentiu-se ameaçado pelas intenções de Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel) de desobediência civil a quaisquer autoridades oficiais e pelas suas idéias de defesa ao regime monárquico.
Antônio Conselheiro é uma das personagens mais controvertidas na história do Brasil, tendo se valido de uma postura messiânica para a liderança de um povoado que já contava com milhares de pessoas.
A aldeia de Canudos contava com um regime de produção coletiva. As desobediências do povoado em relação ao governo tratavam-se, por exemplo, da recusa ao casamento religioso e ao pagamento de impostos federais.
Desta forma, os órgãos oficiais vão criando sobre Canudos a imagem de um núcleo de perigosos rebeldes monarquistas fanáticos.
Aos olhos de todos, parecia evidente que a aldeia deveria ser eliminada. Contando com essa idéia em vigência, o governo baiano organiza expedições que viriam malograr na tomada do território.
Mais tarde, o próprio Governo Federal encarrega-se de enviar mais duas expedições, valendo-se de organização militar e armamento altamente ostensivo, terminando assim por aniquilar milhares de habitantes da aldeia, juntamente com o próprio Antônio Conselheiro.
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