Conflito ocorrido a partir de 1865 até 1870 entre o Paraguai e os países da então formada Tríplice Aliança (Argentina, Uruguai e Brasil). Foi o maior conflito armado na história da América Latina, tendo sido responsável pela aniquilação de mais de dois terços da população paraguaia e ainda levado o Paraguai a uma grave condição de atraso e pobreza.
Anteriormente ao conflito, o Paraguai encontrava-se em uma fase de amplo desenvolvimento: ainda que sob um regime ditatorial, no período de governo do patriarca da independência paraguaia (Dr. José Gaspar Rodrigues Francia, de 1811 a 1840), o país possuía o mais bem treinado e equipado exército nacional em solo sul-americano, além da produtividade agrícola se desenvolver grandemente com as chamadas "fazendas da pátria", terras de grande produtividade em que agricultores trabalhavam para o estado.
O analfabetismo e a escravidão no país haviam sido praticamente erradicados, o que demonstrava um alto grau de modernidade em relação aos demais países da América Latina.
Tais características tiveram prosseguimento com o período do governo sucessor de Carlos Antonio López.
No entanto, o país permanecia na política de isolamento com relação aos demais países da América e ainda em relação aos países europeus que expandiam seus domínios em terras americanas.
Tendo em vista a necessidade de expansão da produtividade paraguaia para o comércio exterior, era imprescindível a ruptura da política paraguaia de isolamento em relação aos demais estados e ainda a utilização do Rio da Prata como meio de escoamento dos produtos excedentes.
Possuindo um forte exército e demonstrando estar se tornando a principal potência econômica da América do Sul, o Paraguai passa a reivindicar voz de comando nos assuntos políticos locais.
Estas reivindicações se fizeram presentes através do oferecimento de Francisco Solano López (sucessor de Carlos Antonio López no governo) como mediador das questões entre o Brasil e o Uruguai.
As relações entre estes países econtrava-se entre os limites entre a cordialidade e a agressão: o Paraguai passava a questionar os limites territoriais entre os dois países, vendo-se prejudicado na grande perda de terras e ainda na dependência da tolerância dos países que dominavam os transportes fluviais no Rio da Prata.
Assim, a intermediação de Solano López é recusada pela diplomacia brasileira. O Uruguai por sua vez, não aceitando as condições impostas pelo Império no Brasil, é invadido e tem seu governante blanco Atanásio Aguirre deposto. Apoiando oficialmente Aguirre, Solano López passa da postura diplomática à agressão, ordenando a captura de uma embarcação brasileira que trafegava no Rio Paraguai, o navio "Marquês de Olinda", que ia a caminho do Mato Grosso.
Posteriormente, Solano López declara guerra ao Brasil, invadindo os territórios do Mato Grosso e do Rio Grande do Sul. O Paraguai, tendo um exército preparado e contando com o fator da surpresa, acaba por vencer as primeiras batalhas.
Porém, contou ilusoriamente com a neutralidade argentina e, tendo invadido os territórios argentinos e uruguaios, Argentina e Uruguai acabam por aliar-se ao Brasil na formação da Tríplice Aliança em primeiro de maio de 1865, na cidade de Buenos Aires.
Mas a maior participação da Aliança no conflito foi brasileira: a sorte paraguaia começa a tomar rumo contrário a partir do momento em que o Brasil passa a importar armas e admitir voluntários para o grupo dos "voluntários da Pátria", provenientes das camadas sociais mais baixas e ainda negros sob o jugo escravista, que se alistaram conforme a promessa de alforria que, em muitos casos, foi postergada após o fim da guerra.
Ao todo, a soma de homens à disposição da Aliança era de vinte e sete mil, entre os quais dezoito mil eram brasileiros.
A primeira grande virada da Aliança sobre o Paraguai se deu na famosa Batalha do Riachuelo, em 1865, quando a esquadra paraguaia foi completamente dizimada pelas forças navais brasileiras sob os comandos do Almirante Tamandaré e de Francisco Manuel Barroso da Silva, estas aliadas às forças argentinas sob o comando do general Paunero.
As forças paraguaias, tendo em vista suas intenções agora frustradas, passam da tática ofensiva à tática defensiva, implantando forças nos fortes localizados em regiões estratégicas do território paraguaio.
Porém, seus exércitos já haviam passado por uma série de desfalques, dando ainda maior ânimo às forças da Tríplice Aliança.
O território paraguaio portanto não tardou a ser invadido por tropas argentinas, sob o comando do general Mitre.
Também as forças brasileiras passam a contar com os comandos de Luís Alves de Lima e Silva, então Marquês de Caxias, futuro Duque de Caxias, e ainda do Marechal Manuel Luís Osório.
As vitórias brasileiras em território paraguaio sucederam-se inúmeras até o cercamento do próprio Solano López, morto em primeiro de março de 1870, colocando fim à guerra.
O evento da Guerra do Paraguai gerou novas realidades no Brasil: o aumento do prestígio do Exército brasileiro que, a partir daí, passou a tomar parte decisiva nos assuntos políticos brasileiros, além do surgimento de abolicionistas entre os comandantes dos exército que participaram da guerra, pois a participação dos negros na guerra foi contada por muitos comandantes como decisiva e estes passaram a apoiar os negros que retornaram ao país ainda na condição de escravos reclamados pelos senhores de terras.
A luta abolicionista caminhou paralelamente à ação republicana que então se insurgia no Brasil e que, posteriormente, acarretou na Proclamação da República no Brasil.
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