Império Romano

O poderoso Império Romano floresceu na Itália muitos séculos antes do nascimento de Cristo, surgido de uma pequena vila às margens do rio Tibre. Sua origem lendária diz que Roma foi fundada pelos descendentes de Enéias, um habitante de Tróia que fugiu para a Itália depois que sua cidade foi tomada.

Os dois filhos de Enéias, Rómulo e Remo, que eram gêmeos, foram abandonados na ocasião de seu nascimento e criados por lobos até que, anos mais tarde, fundaram uma pequena cidade na região montanhosa de Roma, a qual governaram por algum tempo. Após uma dissidência entre os dois, Romulus matou seu irmão e passou a governar a cidade sozinho, chamando-a Roma.

Já na origem estudada de Roma consta que o lugar já era habitado por seres humanos desde a Era do Bronze, cerca de 1500 a.C., ainda que só foram encontrados vestígios arqueológicos datados do século VIII a.C.. Muitos povos invasores transitaram pela Itália antes mesmo da formação do reino de Roma, ocupando diferentes partes da península itálica em épocas distintas e convivendo ali durante muitos anos.

Entre os séculos XII a.C. e VI a.C., o local sofreu duas grandes invasões, perpetradas pelos gregos e pelos etruscos, que imigraram para a Itália, onde construíram pequenas cidades. Toda essa miscigenação cultural teria, anos mais tarde, influência fundamental na cultura do Império Romano, que foi oficialmente fundado, como consta na obra dos maiores estudiosos italianos e é, até hoje, um feriado nacional, no dia vinte e um de abril de 753 a.C.. Estes mesmos estudiosos chegaram à conclusão de que os povos itálicos que viveram na região do Lácio, que fica ao Sul do rio Tibre, foram os verdadeiros fundadores de Roma.

Para melhor compreender a longuíssima história deste império, usualmente divide-se seus anos de existência em três períodos: monarquia, república e império, de acordo com o seu desenvolvimento político, econômico e social ao passar dos anos.

Monarquia

O período monárquico em Roma foi compreendido entre os anos 753 a.C. e 509 a.C.. Neste tempo, Roma foi governada por reis etruscos e latinos, que cuidavam de seu país movidos pelo grande interesse na autoridade máxima e na estabilidade política.

O princípio da família patriarcal, adotado com fervor pelos romanos, conferia ao rei um poder extremo e indubitável, que lhe dava poderes infinitos para dominar e comandar seus súditos, assim como um pai o faz com sua família.

O rei dividia sua autoridade com uma antiga constituição, que não podia mudar sem o consentimento dos principais do reino; com uma Assembléia, que era composta por todos os cidadãos em idade militar; e pelo Senado, um conselho formado pelos velhos da cidade.

Todas as vezes que um rei falecia, o Senado tomava o poder até que o povo escolhesse o monarca sucessor.

Mas a burocracia existente entre estes três poderes, que ditava que todos eles tinham que aprovar as medidas ou leis novas e que qualquer um poderia vetá-las se as considerasse prejudiciais à cidade, tornaram a época da monarquia pouco produtiva.

Muito poucas mudanças significativas na legislação romana foram feitas e isto contribuiu para que a sociedade romana crescesse um tanto quanto conservadora.

No início dos anos quinhentos antes de Cristo, o senado, do qual faziam parte a maioria dos aristocratas romanos, voltou-se contra a monarquia e esperou pelo momento certo para tomar o poder.

A baixa popularidade da família real, que passava por uma crise depois que a notícia de que o filho do imperador Tarquinius Superbus, Sextus, havia estuprado Lucretia, esposa de seu irmão, serviu como uma ótima desculpa para a instauração de um novo governo.

O estupro revoltou a conservadora sociedade romana, que não se opôs à derrubada de Tarquinius em favor de uma nova forma de governo.

República

Foi então em 509 a.C. que fundaram a república romana, cujo governo aristocrático estava nas mãos do Senado e dos magistrados.

O período, que durou até o ano 27 a.C., ficou marcado pelas inúmeras guerras internas e externas, provocadas pelas diferenças entre patrícios e plebeus e também pela constante necessidade de conquista de novos territórios.

As dissidências internas entre patrícios e plebeus originavam-se da divisão da população nestas duas classes, ocorrida no período da monarquia.

Os patrícios eram os aristocratas e seus descendentes, que monopolizavam os lugares no senado e os postos da magistratura, enquanto que os plebeus eram o povo comum, formado por comerciantes, artesãos e pequenos fazendeiros.

A situação desfavorável dos plebeus, que constantemente tinham que prestar serviços ou até mesmo lutar por algum patrício em troca de proteção, desagradava a todos os que pertenciam a esta classe.

O desgaste social aumentou a cada ano e tornou impossível a convivência mútua, até que foi, finalmente, admitido pelos governantes romanos, que era mais do que justo a extinção da lei que proibia o casamento entre patrícios e plebeus.

Depois da extinção da lei, criou-se o posto das tribunas no Senado, ocupados exclusivamente por plebeus que visavam defender sua classe e julgar os atos dos magistrados e senadores.

Esta vitória conseguida pelos plebeus marcou uma nova fase da sociedade romana, na qual os comerciantes mais ricos acabaram por criar uma nova classe social, chamada nobreza.

Já as guerras externas tiveram sua origem no rápido crescimento populacional de Roma e na latente necessidade de conquistar novos territórios para que o reino pudesse se espalhar.

A primeira conquista de Roma deu-se sobre a cidade etrusca de Veii, localizada ao Norte do rio Tibre, cujo povo foi dominado e vendido como escravo e seus territórios anexados ao dos romanos.

Depois, Roma teve que se livrar da feroz invasão dos gauleses, que capturaram e invadiram a cidade, saqueando-a e destruindo-a quase que por completo.

Os gauleses só deixaram o local depois de um acordo acertado entre os dois povos.

Além desta, muitas outras revoltas e invasões tiveram que ser contidas por Roma durante a república, mas as constantes guerras ensinaram novas táticas aos romanos, possibilitando que estes partissem para a Itália.

Depois de ter conquistado toda a Itália, Roma teve que enfrentar uma de suas mais importantes guerras, deferida contra Cartago, o grande império marítimo que dominava a costa Norte da África.

O motivo da guerra foi a disputa entre os dois reinos pela ilha da Sicília, cuja posição estratégica interessava militar e comercialmente a ambos os impérios.

Conhecida como a Primeira Guerra Púnica, que aconteceu entre 264 a.C. e 241 a.C., o combate entre Cartago e Roma tentava decidir qual dos dois reinos teria soberania sobre as cidades gregas de Siracusa e Messana .

Depois de vinte e três anos de luta, os cartagineses foram obrigados a entregar suas possessões na Sicília para os romanos, além de pagar uma imensa indenização.

Mas os habitantes de Cartago não desistiram e, anos mais tarde, partiram para a retomada de suas antigas posses, movimento que resultou na chamada Segunda Guerra Púnica.

Tendo sido derrotada pelos romanos mais uma vez, Cartago, porém, conseguiu retomar uma pequena parcela de seus domínios, que incluía a capital e os territórios circunvizinhos da África.

Mas como os romanos não aceitaram esta revolta de Cartago, fizeram de tudo para destruir o que restava deles, fato que culminou na Terceira Guerra Púnica.

E conseguiram. Primeiro, os romanos exigiram que os cartagineses abandonassem todas as suas cidades para que estas fossem calmamente tomadas por eles.

Como a proposta foi recusada, o povo de Roma invadiu impiedosamente a área ocupada por Cartago, destruindo completamente tudo e matando quase todos os habitantes que ali viviam.

Aqueles que não foram mortos, acabaram vendidos como escravos. Os efeitos das Guerras Púnicas foram duramente sentidos pelos romanos, uma vez que houve uma total reestruturação social e econômica da república.

O aumento do número de escravos, o desaparecimento do pequeno lavrador e o crescimento de uma população pobre, foram apenas algumas das modificações sociais que Roma teve que enfrentar.

Por outro lado, a riqueza ostentada por todos os aristocratas que haviam se beneficiado das guerras, levou a um aumento do luxo, das festas e das exibições de poder e fama que competiam entre si.

As virtudes pessoais e sociais tão veneradas no passado estavam ficando completamente obsoletas e esquecidas, o que causou uma profunda repugnacão por parte dos mais conservadores.

E foi a partir daí que um movimento para tentar resgatar as virtudes causadoras de tanto orgulho na Roma antiga teve seu início e tornou-se fundamental na decadência da república e subsequente transformação, mais uma vez, da forma de governo romana.

Para piorar, durante o governo de Julius Caesar, Roma foi vítima de todos os tipos de crimes e violência, que instauraram o caos completo na cidade e na república.

A constante luta pelo comando de Roma, as conspirações, os assassinatos e a má conduta de todos os homens políticos daquela região colaboraram para a decadência da república, cujo fim, como era de se esperar, deu-se quando Octaviano, no ano 31 a.C., destituiu Marcus Antonius do poder e instaurou o império romano.

Império

Octaviano estabeleceu um novo sistema de governo, o qual chamou principado, que deveria ter como soberano o primeiro cidadão de Roma.

Na verdade, seu sistema nada mais era do que uma monarquia muito bem disfarçada, na qual o soberano possuía infinitos poderes sobre seus súditos, neste caso, o povo.

Mesmo assim, o principado de Octaviano marcou um novo período na vida dos romanos, tendo sido este o tempo mais glorioso e próspero de toda a história de Roma justamente porque seu governante tinha como principal objetivo restaurar o pouco do que tinha restado do país.

Os anos de seu governo foram totalmente pacíficos e construtivos de todos, durante os quais Roma ganhou um sofisticado sistema de estrada e um eficiente serviço postal.

Depois da morte de Octaviano, no ano 14 a.C., Roma não contou com sucessores muito marcantes ou capazes de profundas reformas como foi o caso dele.

Muitos até foram tiranos que fizeram o povo sofrer através de um governo despótico e violento.

As várias dinastias que sucederam o governo de Roma passaram por problemas políticos, mas a cultura romana, porém, conseguiu ser restaurada e reanimada em forma de arte e literatura.

O último período da história romana, que durou até 476 viu nascer um sistema absolutista nas mãos de Diocleciano e seus sucessores, durante o qual o povo tinha que trabalhar forçadamente.

Todos os súditos do imperador deveriam obedecer suas ordens, sem jamais poder contestá-las.

Os cristãos foram seriamente combatidos durante alguns governos, ou simplesmente despojados de certos privilégios em outros, num ato de discriminação muito claro.

Durante o último império houve uma estagnação cultural, através da constante degradação do intelecto por meio de religiões que invocavam o sobrenatural e destruíam a criatividade humana.

Em 476, o último dos imperadores do Ocidente foi deposto e um rei bárbaro tomou seu lugar, fato que culminou na decadência total de Roma, anos mais tarde.

Muitos foram os fatores que, somados, colaboraram no colapso do que outrora foi uma das maiores nações do mundo.

Dentre elas estão o próprio imperialismo, as invasões bárbaras, as mudanças econômicas e sociais que tomaram conta da Itália nos séculos III e IV e até mesmo a arrogância da população romana que, devido às vitórias obtidas no passado, deixou de olhar para seu futuro.

A partir de 395, o império romano foi dividido em dois, sendo um deles o conhecido Império Bizantino, cuja capital era Constantinopla.

O lado Leste do império, que era o Bizantino, durou até meados dos anos 1400, quando os turcos invadiram sua capital.

Já o lado Oeste sofreu uma série de invasões de tribos germânicas e dissolveu-se aos poucos com o passar dos anos.