Nazismo
Após o final da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha encontrava-se arruinada. Derrotada no conflito, uma grave crise social abalava o país e inúmeros conselhos operários formavam-se em todas as suas grandes cidades, a exemplo do que ocorrera na Rússia pouco antes da revolução de 1917.
As camadas mais privilegiadas vinculavam-se aos partidos de centro-direita. A dualidade que marcava o período forçava o Estado a tomar providências para conter o desemprego, a fome, a inflação e o descontentamento geral, ou uma revolução popular certamente o iria fazer. Aos nove de novembro de 1918, o rei Guilherme II abdicou do trono e instituiu a república, dando o poder aos sociais-democratas, liderados por Ebert.
Imediatamente, Ebert procurou calar os focos revolucionários na tentativa de formar um governo social-liberal. Aliou-se ao exército (que, em princípio, era contra seu governo) e mandou matar importantes líderes esquerdistas, dentre os quais, Rosa Luxemburgo. Suas atitudes, porém, apenas faziam crescer a insatisfação.
Em 1919, foi elaborada uma nova Constituição, que fazia da Alemanha um país dividido em dezessete Estados, dotados de um Parlamento (Reichstag) eleito por sufrágio universal e um presidente eleito a cada sete anos. Estava fundada a República de Weimar. No entanto, ela se mostrou efêmera. Incapaz de elaborar um programa claro e, caso conseguissem, de exercer autoridade para implementá-lo, logo a República viu-se cercada de oposicionistas.
Do exército às classes mais baixas, não encontrava apoio popular algum e os ideais revolucionários difundiam-se. Para piorar, Ebert não conseguiu deter a inflação e a condição de miséria em que se encontrava a população, inclusive a classe média. O Tratado de Versalhes, que responsabilizava somente a Alemanha pela Primeira Guerra, com punições severas sobre a nação, tornava o quadro ainda mais difícil de ser revertido.
Assim, ao lado dos focos esquerdistas, passaram a surgir as agremiações ultradireitistas, nacionalistas, xenófobas e racistas. Uma delas, o Partido Trabalhista Alemão, fundado por Anton Drexler, possuía em suas fileiras um ex-soldado austríaco chamado Adolf Hitler. Em pouco tempo, Hitler alcançou a liderança do Partido, e mudou seu nome para Partido Nacional-Socialista Trabalhador Alemão (cuja abreviação, em alemão, formava a palavra “nazi”).
Apesar de pouco preciso e extremamente demagógico, o programa dos nazistas logo começou a valer-lhes adeptos, em especial por causa do fantástico poder de sedução da oratória de seu proeminente líder. De acordo com seu programa, os nazistas dariam trabalho a todos e suprimiriam o Tratado de Versalhes caso chegassem ao poder.
Além disso, denunciavam a nefasta influência que os marxistas, os estrangeiros e os judeus exerciam sobre o povo alemão, pregando sua total eliminação. Em 1923, aproveitando-se da insatisfação generalizada do povo com as altas taxas inflacionárias, os nazistas tentaram dar um golpe no mês de novembro.
O “putsch”, como ficou conhecido o episódio, fracassou em virtude da não-adesão popular e Hitler foi condenado a cinco anos de prisão. Foi durante esse período que ele escreveu a obra que sintetiza o pensamento nazista/hitlerista, o livro “Mein Kampf” (“minha luta”). A partir de 1924, a República de Weimar passou a desfrutar de relativa calmaria, decorrente principalmente da estabilização da moeda.
No ano seguinte, Ebert morreu e a coligação direitista que ocupava o poder elegeu o general Hindenburg para o seu lugar. Os nazistas, dispersos e atordoados pelo período de paz social, perderam as eleições de 28 e já não representavam força política de relevância. Porém, no ano seguinte, com o início da crise mundial, a Alemanha novamente sofreria com o caos interno e Hitler, finalmente, atingiria seus objetivos.
Com a crise, tudo que a República de Weimar conseguira construir foi destruído: a estabilidade financeira, a retomada do crescimento industrial, o crescimento dos níveis de emprego e a relativa satisfação da população. Em 1931, as cidades encontravam-se num estado de caos e miséria poucas vezes visto em sua história.
Esse contexto foi decisivo para a retomada da ofensiva nazista, que encontrou resistência comunista. Porém, os grandes conglomerados industriais, que temiam uma possível ascensão da esquerda, financiavam os nazistas. Por seu lado, Hitler seguia difundindo suas idéias: luta contra o marxismo, expulsão dos estrangeiros, eliminação dos judeus, destruição do Tratado de Versalhes, garantia de terras aos camponeses, defesa das pequenas indústrias e fim do caos social.
Demagogo e perspicaz, Hitler tornou-se símbolo da resistência alemã para a população e, em 1930, o partido contava com mais de um milhão e meio de adeptos, o que tornava bastante possível que chegassem ao poder pelas vias legais, sem golpe. Em 1932, os nacionais-socialistas obtiveram trinta e oito por cento das cadeiras do Reichstag.
O então chanceler, Von Papen, demitiu-se e o general Von Schleicher foi nomeado para o cargo. Schleicher queria calar tanto os nazistas quanto os comunistas, fato que desagradou a elite industrial. Forçado por ela, Hindenburg nomeou Hitler chanceler em trinta de janeiro de 1933. O nazismo finalmente poderia começar a sua marcha para a guerra.
Com Hitler no poder, fundou-se um Estado totalitário apoiado sobre o fanatismo nacional e a loucura racista. Os judeus e esquerdistas passaram a ser perseguidos e assassinados; a liberdade de imprensa passou a inexistir; a existência de partidos que não o nazista foi proibida; foi criada a SS, com mais de meio milhão de membros, cujo objetivo era garantir a segurança nacional (mais tarde, a Gestapo viria a auxiliar a tarefa); a propaganda maciça fez com que a população não tivesse outra alternativa que não submeter-se a ela; a educação passou a ser feita visando-se a nazificação dos jovens, incutindo neles a noção de superioridade da raça ariana e do povo alemão; o serviço militar tornou-se obrigatório; obras literárias que fossem consideradas contrárias ao regime foram proibidas; campos de concentração foram instalados por todo o território e iniciou-se a política expansionista, que visava a delimitação do espaço vital (Polônia e Ucrânia) para a sobrevivência da raça ariana.
Hitler conseguiu tirar a Alemanha do caos e isso lhe valeu ainda mais popularidade, ainda que seu governo fosse marcado por uma tirania, violência e autoritarismo ímpares na história da nação. Contudo, logo os outros países europeus passaram a não mais tolerar seus impulsos expansionistas, que levariam à Segunda Guerra Mundial e posterior fim do nazismo.