Renascimento em Portugal
A arte manuelina, que floresceu em Portugal durante o reinado de D. Manuel, com seu estilo artístico essencialmente lusitano e bastante originalidade em relação ao resto da Europa, estava tão profundamente enraizada no país, que retardou a assimilação dos valores da renascença italiana. Grão Vasco, realista no modo como exprime a gravidade de seus modelos, considerado um pintor manuelino, antecipa algumas características renascentistas em sua obra.
Porém, talvez tenha sido a arte decorativa renascentista, que convivia lado a lado às formas manuelinas, a primeira influência italiana a realmente se estabelecer no território português.
O Renascimento no país costuma ser dividido em duas fases: primeira renascença, que abrange quase todo o reinado de D. João III e cujos principais representantes são João de Castilho e Diogo de Torrabra e segunda renascença.
João de Castilho é o autor das varandas que circulam o pórtico das Capelas Imperfeitas, na Batalha. Diogo de Torrabra, fiel à austeridade das formas clássicas, é autor do claustro dos Felipes do Convento de Cristo.
Além de Lisboa, Coimbra, Évora e Tomar foram regiões onde as manifestações renascentistas mais se acentuaram.
Na segunda fase da renascença, temos uma arte mais próxima ao maneirismo, (mas ainda sensível à forma clássica), relacionada, talvez, à grave crise econômica, política e espiritual da época, que se refletia na arte por certa inquietude e contradição.
Representantes desse período são Afonso Alves, arquiteto de D. João III e Felipe Tévero, contratado pelo famoso rei D. Sebastião como mestre de fortificações. Esse último, possuía um apurado sentido de proporção e monumentalidade e uma visão antecipada do estilo barroco. Através de sua escola de arquitetura, em Lisboa, influenciou artistas por quase dois séculos.
A escultura renascentista foi introduzida por arquitetos franceses, em concordância aos preceitos da Escola de Fontainebleau. Como foi visto acima, foi mais fácil de ser assimilada, uma vez que a arte manuelina não lhe fez oposição, associando-a ao estilo (principalmente arquitetônico) nacional.
A literatura em Portugal é importantíssima quando se fala de renascimento no país. A começar pelo teatro de Gil Vicente, pertencente ao primeiro renascimento português, autor de "Auto da Barca do Inferno" e "A Farsa de Inês Pereira", entre outros. Passa pela introdução, por Sá de Miranda, dos modelos poéticos renascentistas, (início do classicismo português), até culminar Luís de Camões, considerado o maior poeta de língua portuguesa.
Sua obra-prima, Os Lusíadas, é considerada a mais importante epopéia de todo Renascimento europeu, e está entre as maiores de todos os tempos. Canto de louvor à glória do povo português, inspirada na Ilíada e Odisséia de Homero e na Eneida, de Virgílio. Além de Os Lusíadas, Camões escreveu poesias líricas, sendo que grande parte delas apresentam uma certa inquietude e turbulência contrastante à sobriedade clássica. Por esses motivos, suas poesias líricas estão mais próximas ao estilo maneirista.