Raimundo de Farias Brito (1862-1917)
Filósofo brasileiro. Nasceu em São Benedito, Ceará. Realizou seus estudos secundários no Liceu Cearense. Formou-se em direito na Faculdade de Direito do Recife, obtendo o título de bacharel em 1884. Nesta faculdade, foi aluno de Tobias Barreto. Atuou como promotor e, por duas vezes, como secretário no governador do estado do Ceará.
Entre 1902 e 1909, lecionou na faculdade de Direito de Belém do Pará. Mudando-se para o Rio de Janeiro, venceu o concurso para a cátedra de lógica no Colégio Pedro II. Contudo, esta foi concedida a Euclides da Cunha. Devido ao falecimento deste escritor, neste mesmo ano, Farias Brito passou a ocupar a cátedra que lhe pertencia por direito, nela permanecendo até seu adoecimento.
Faleceu no Rio de Janeiro. Pertence a Farias Brito uma das maiores obras filosóficas produzidas em nosso país. Seus escritos se dividem em dois temas centrais, denominados pelo autor Finalidade do mundo e Filosofia do espírito. Do primeiro, fazem parte: A filosofia como atividade permanente do espírito humano; A filosofia moderna; Evolução e relatividade.
Ao segundo tema, pertencem: A verdade como regra das ações; A base física do espírito; O mundo interior; O mundo como atividade intelectual.
Para Farias Brito, a filosofia possui, como fim último, as especulações de ordem moral. Sua finalidade é investigar os grandes problemas que atingem, intrinsecamente, a existência humana: as questões da vida, do sofrimento e da morte. Neste sentido, sua tarefa é eliminar os preconceitos e falsas esperanças, de modo a proporcionar um conhecimento fundamental e verdadeiro, que permita ao homem postar-se serenamente em face da vida e diante da morte.
Somente assim a filosofia será capaz de organizar uma regra de ação frente à vida. Segundo Leonel Franca (1893-1948), a moral é de ordem racional, sendo fruto da liberdade humana frente à totalidade dos demais entes. Não possuindo uma determinação prévia, os homens regulam sua vida mediante o estabelecimento de leis; assim, a moral é fruto do pensamento e da inteligência.
O filósofo brasileiro empreende uma severa crítica às conseqüências das filosofias materialistas modernas. Ao negar a crença no espírito, estas filosofias conduzem ao desespero e à dissolução de todos os valores. A regeneração frente à aniquilação em que o materialismo lançou a civilização ocidental somente pode advir de uma renovada filosofia do espírito.
Combatendo ainda o cientificismo, tendência hegemônica nos meios intelectuais brasileiros desta época, Farias Brito afirma a filosofia como atividade supercientífica, por ultrapassar a explicação científica, setorializada e parcial da realidade, instaurando uma necessidade de compreensão totalizante.
Através do método de introspecção, o pensamento encontra a existência subjetiva. Para este filósofo, esta constitui é a modalidade própria de ser do espírito, o qual constitui o fundamento último de toda a realidade.
Farias Brito é considerado, por grande parte dos historiadores da filosofia, como um dos maiores nomes do pensamento filosófico brasileiro.
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