Nicolas Malebranche (1638-1715)
Filósofo moderno. Nasceu em Paris. Realizou seus estudos de filosofia no Colégio de La Marche, passando, posteriormente, a estudar teologia na Sorbonne. Em 1660, entrou para a Congregação do Oratório, ordenando-se sacerdote quatro anos depois. Neste mesmo ano, entrou em contato com a filosofia de Descartes (1596-1650), que lhe permitiu vislumbrar a possibilidade de conciliar o racionalismo com o pensamento agostiniano, dominante no Oratório.
Seus textos neste sentido provocaram oposições, tendo Malebranche sustentado, ao longo de sua vida, várias polêmicas filosóficas e teológicas. Salvo algumas incursões pela província, residiu toda sua vida no Oratório. Algumas de suas principais obras: Busca da verdade, Meditações cristãs e metafísicas, Pequenas meditações sobre a humildade e a penitência, Tratado de moral, Tratado da natureza e da graça.
Segundo Malebranche, toda idéia ou pensamento deve levar ao conhecimento de Deus, constituindo a vida racional apenas uma parte e preparação para a verdadeira vida, a vida religiosa. Neste sentido, Malebranche procede de modo a conciliar a fé à razão nascente; esta última estrutura-se como a racionalidade cartesiana, que demanda a necessidade de clareza e evidência às idéias e instaura uma física mecanicista no conhecimento da natureza.
O esforço do espírito deve residir na busca de um método adequado de conhecimento, que possa captar de maneira apropriada as idéias presentes no entendimento. Estas constituem, em suas relações, o modelo divino da harmonia do universo. Deste modo, através das idéias claras e distintas do conhecimento verdadeiro, opera-se o intercâmbio entre o entendimento humano e o intelecto divino.
As idéias desta natureza impõem um ordenamento e uma forma ao nosso entendimento, o que leva Malebranche a afirmar: o verdadeiro conhecimento consiste em uma visão em Deus, uma vez que Ele nos permite descobrir as idéias, componentes divinos, presentes na realidade. Não se trata, por este procedimento, de uma visão de Deus, uma vez que Ele é inacessível ao limitado alcance do entendimento e da visão humanas.
O pensamento de Malebranche afirma, com relação às relações entre Deus e a natureza, a teoria das causas ocasionais. Admitindo que os entes físicos se definem pela extensão, segundo a concepção de Descartes (1596-1650), o que lhes retira a possibilidade de movimento próprio, Malebranche afirma que todo movimento ou interação entre corpo e alma devem provir do impulso dado por Deus.
A Ele pertence a ação primeira, única verdadeiramente eficaz, capaz de imprimir modificações na realidade. Esta teoria contrapõe-se à concepção das causas eficientes, provinda da compreensão aristotélica; a única causa eficiente é Deus, que acomoda, a cada ocasião, a eficácia de sua ação à eficácia das criaturas.
Contudo, tais relações se efetuam como uma ordenação simples, de tipo matemático, apreensível pela entendimento na forma de leis científicas. Isto se dá porque a ação divina tende, sempre e necessariamente, para a ordem e a simplicidade.
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Nicolas Malebranche (França)