Filósofo e teólogo escolástico. Nasceu em Aosta, na Itália. Estudou na abadia de Bec, na Normandia, da qual posteriormente tornou-se abade. Em 1093, foi nomeado arcebispo de Cantuária, onde participou ativamente da vida política de seu tempo, lutando contra a invasão do poder temporal nos domínios e deliberações eclesiásticas.

Em acirrada disputa com o soberano inglês, Guilherme II, o Ruivo, Anselmo exilou-se na Itália. Após a morte deste monarca, seu sucessor, o rei Henrique I, o convidou a retornar à Cantuária. Santo Anselmo faleceu neste local, três anos após seu regresso. Em 1163, Anselmo foi canonizado.

Posteriormente, em 1720, foi declarado Doutor da Igreja. Dentre suas principais obras, figuram: Monológio, Proslógio, O Gramático, A Verdade, A liberdade de arbítrio, Sodre a queda do Demônio, Epístola sobre a encarnação do Verbo ou O mistério da Trindade.

A filosofia de Santo Anselmo está calcada, fundamentalmente, na investigação do relacionamento entre fé e razão. A fé deve ter a primazia, uma vez que é o fundamento do encontro com a suprema verdade. Separado dela, nenhum raciocínio é capaz de atingir a certeza, afirmando somente o que “lhe parece”.

Contudo, a fé pode ser atestada e justificada mediante o intelecto. Assim, a proposta de Santo Anselmo é partir daquilo que a crença afirma acerca de Deus, para comprovar, valendo-se puramente de meios racionais, sua existência. Seu argumento mais famoso, debatido durante toda a Idade Média e denominado pela história da filosofia como “argumento de Santo Anselmo”, declara: Se Deus é perfeito,existe.

A fé nos faz conhecer Deus como o ser do qual não é possível pensar nada maior. Deus existe, em um primeiro momento, como uma idéia de absoluto. Contudo, sua existência não pode ser somente intelectiva, pois seria possível pensar um ser que possuísse dupla existência, a um só tempo ideal e real.

Este seria, então, mais perfeito que aquele que apenas existe intelectivamente. Ora, se Deus é o mais perfeito, deverá caber a Ele esta dupla existência. Assim, pensá-lo como o maior e mais perfeito é, necessariamente, considerá-lo real.

O pensamento de Santo Anselmo constitui um marco na história da filosofia medieval, sendo revisitado e debatido pelos principais representantes da filosofia Escolástica : Abelardo, São Bernardo, São Boaventura, Duns Scot, entre outros.

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