São Tomás de Aquino (1227-1274)
Nascido em Roccasecca, na Itália. São Tomás de Aquino foi educado pelos monges beneditinos de Monte Cassino, tendo sido discípulo de S. Alberto Magno.
Constitui-se num dos maiores gênios da Idade Média e é o maior filósofo da igreja em todos os tempos: restaurou o prestígio da filosofia aristotélica, estabeleceu a diferença entre a filosofia e a teologia, conseguiu impor à filosofia um admirável espírito de unidade, tratando isoladamente de cada questão, mas unindo-as todas numa perfeita síntese.
Desenvolveu o realismo metafísico.
Texto II
Filósofo escolástico, considerado o maior representante do pensamento medieval, denominado doutor angélico. Nasceu no castelo de Roccasecca, nas cercanias de Aquino, ao norte de Nápoles. Realizou seus primeiros estudos na Abadia de Montecassino, sob orientação dos beneditinos. Entrou para a Universidade de Nápoles, ingressando, em 1243/4, na Ordem dominicana.
No ano seguinte, foi a Paris completar seus estudos, tornando-se discípulo de Alberto Magno. Em 1248, Tomás de Aquino mudou-se para Colônia, seguindo seu mestre, e aí permaneceu por quatro anos. Regressando a Paris, lecionou na Universidade, doutorando-se em teologia em 1259. Neste mesmo ano, retornou à Itália, ministrando aulas em Agnani, Orvieto, Roma e Viterbo.
Novamente em Paris, lecionou nesta cidade, entre 1269 e 1272. Neste ano, dirigiu-se a Nápoles, chamado para organizar os estudos teológicos dos dominicanos nesta cidade.
No ano seguinte, uma experiência mística levou-o a deixar inacabada a terceira parte de sua Summa theologica. Tempos depois, a caminho de Lyon, convocado pelo papa Gregório X para tomar parte no Concílio, faleceu no convento dos cistercienses, em Fossanova.
Foi canonizado em 1323. Tomás de Aquino foi um pensador fecundo, produzindo mais de sessenta escritos. Algumas de suas principais obras: Comentários sobre as Sentenças, O ente e a essência, Súmula contra os gentios, Questões sobre a alma, Summa theologica.
Devido à abrangência da obra de Tomás de Aquino, nossa tarefa limitar-se-á a expor brevemente alguns de seus pontos capitais. Quanto ao problema central posto para a investigação filosófica na Idade Média, que trata das relações entre razão e fé, a posição deste autor reside na busca de um equilíbrio entre estes dois modos de acesso à realidade.
Longe de igualá-las ou de distingui-las completamente, Tomás de Aquino concebe a verdade como estando distribuída por várias vias de alcance. Há verdades de caráter estritamente teológico, cujo único acesso é a revelação; há as que se alcança por via racional, não tendo sido reveladas; e, finalmente, há aquelas que foram reveladas, mas que podem também ser alcançadas racionalmente.
A razão deve buscar seu máximo desenvolvimento, sem medo de encontrar verdades opostas às verdades da fé, uma vez que toda verdade provém de Deus. Os limites da razão são impostos por sua própria limitação; assim, ela deverá encontrar, na radicalização de seu percurso, verdades inacessíveis e impenetráveis.
Neste caso, ela deve passar a palavra à fé. As verdades comuns à filosofia e à teologia somente diferem no aspecto formal, isto é, em virtude das maneiras distintas de apresentá-las. Neste caso, o discurso racional representa um papel introdutório com relação à fé.
A filosofia de Tomás de Aquino é marcadamente influenciada pelo pensamento de v. Contudo, é através da interpretação tomasiana que se realiza a definitiva cristianização da doutrina do Estagirita.
Tomás de Aquino parte da distinção, elaborada pelo filósofo clássico, entre essência e existência; contudo, ele a redimensiona em uma perspectiva ontológica, como meio de acesso para apreender a natureza de Deus.
Partindo da afirmação de que a definição da essência de um ente não implica sua existência, São Tomás opera uma distinção radical entre os dois conceitos. Se as criaturas não existem por si mesmas, sua existência se deve a uma outra realidade, a um princípio situado fora da determinação conferida aos entes.
Deus pode ser encarado, nesta perspectiva, como pura existência. Ele é a absoluta identidade entre essência e existência, que se manifesta na enunciação: Eu sou aquele que sou. Desta maneira, Deus é concebido como ato puro, o existir tomado em sentido próprio, ao qual nada pode ser acrescentado.
Outra questão presente para este pensador é a da possibilidade do conhecimento de Deus, por parte do intelecto humano.
Este, sendo limitado, somente poderá conhecer a Deus parcialmente, e de modo igualmente limitado. Partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), Tomás de Aquino nos apresenta cinco vias que, partindo do contingente e dos efeitos, isto é, dos entes dados aos conhecimento, podem conduzir racionalmente à apreensão de sua causa e essência divinas.
A primeira via parte da consideração do movimento. Se tudo o que se move deve o princípio de seu movimento a um motor fora de si, é preciso haver um primeiro motor imóvel, que denominaremos Deus. A segunda parte da relação entre causa e efeito. Todo ente ou é causa ou efeito; toda causa, por sua vez, deve ter sido causada por outra que não ela própria.
Este raciocínio nos impele à consideração de uma causa primeira, não causada, Deus. A terceira considera a geração e corrupção nos entes. Se todo existente está em permanente transformação, sua existência não é necessária, mas apenas contingente. Se todos os entes são possíveis e contingentes, pode-se pensar um tempo onde nenhum deles existisse.
Deve-se, então, considerar o princípio de sua geração a partir de uma existência necessária em si mesma, pré-existente a todo contingente.
Tal é a existência divina. A quarta via baseia-se nos graus de perfeição pelos quais os entes podem ser comparados. Se podemos comparar duas afirmações, julgando uma mais verdadeira que outra, ou dois entes com relação à beleza, é necessário haver um absoluto que sirva de referência a toda comparação.
Esta perfeição absoluta é o modo de ser de Deus. A quinta via é de ordem finalista. É preciso admitir um fim para toda transformação ocorrida nos entes.
Este fim não é casual, uma vez que coisas de natureza diversa na maior parte das vezes concordam em uma ordem única. Uma vez que esta ordem se cumpre sem conhecimento dos entes, é preciso admitir uma inteligência primeira, que governa a finalidade das coisas.
Esta é o que compreendemos por Deus. Contudo, este conhecimento de Deus permanece parcial. É preciso tentar um outro modo de acesso mais completo; este é dado pela noção aristotélica de analogia. Partindo da afirmação do Estagirita, de que o ser se diz de vários modos, Tomás de Aquino afirma a possibilidade de se atribuir predicados a Deus, tais como “bom”, “belo”, “sábio”.
Tais predicados podem ser atribuídos somente na medida em que Ele permanece o analogado principal, isto é, o fundamento de possibilidade de toda predicação.
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