Filósofo e teólogo medieval. Foi o primeiro mestre da Escola de Chartres, e assumiu o cargo de Chanceler de Chartres, de 1119 a 1124. Segundo o testemunho de João de Salisbury, Bernardo foi um notável professor, valorizando a filosofia clássica, e estreitamente ligado, em suas teses e ensinamentos, à autoridade (em latim auctoritas), termo usado na filosofia e teologia medievais para designar a palavra dos pensadores antigos e das Sagradas Escrituras.

Toda a obra de Bernardo de Chartres está perdida. Para apreender sua importância, bem como algumas de suas idéias principais, o maior testemunho que atualmente se possui é o de João de Salisbury, um dos maiores representantes da Escola de Chartres, e cultor dos ensinamentos de Bernardo.

A filosofia de Bernardo recebeu influência direta do pensamento platônico, disseminado em várias fontes: o próprio Platão, Sêneca, Santo Agostinho (354-430 d.C.) bem como noções recebidas de algumas correntes neoplatônicas e neopitagóricas.

Bernardo distinguiu-se como gramático, e sua influência platônica manifesta-se em uma relação gramático-ontológica. Assumiu uma postura realista frente ao problema dos universais, afirmando as idéias como os únicos entes dotados de estabilidade e substância.

Gramática e realidade comungam, em seu pensamento, de um mesmo movimento de realização; a relação entre uma palavra derivada e a palavra fundamental é a mesma que aquela que se manifesta entre um ente sensível e sua idéia: a dinâmica que conduz de algo fundado a seu fundamento é encarada desde a perspectiva da participação.

Para este pensador, há uma hierarquia descendente de subordinação entre os seres, formada por Deus, princípio e Criador de todas as coisas; as idéias eternas, criadas e subordinadas a Ele; as idéias ou formas nativas, cópias das idéias e modelos das coisas; e a matéria. Esta, unida às formas nativas, é o elemento de composição dos entes singulares.

Bernardo discute a natureza das idéias, com relação a seu Criador. É preciso considerá-las eternas, uma vez que sem elas a Criação não seria possível, e não se pode pensar um tempo em que existisse somente Deus, e não ainda as idéias, pois estas são inseparáveis da manifestação divina.

Contudo, Deus lhes antecede do ponto de vista lógico; cada idéia remete necessariamente a Deus, pois este somente pode ser compreendido como sua causa.

Os principais seguidores da filosofia de bernardo são os integrantes da Escola de Chartres: Thierry de Chartres, Gilberto de la Porrée, Guilherme de Conches, e João de Salisbury, discípulo de Thierry.

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