John Maynard Keynes (1883-1946)
Marx (1818-1883) foi o profeta intelectual do capitalismo como um sistema auto-destrutivo, John Maynard Keynes foi o construtor do capitalismo restaurado. Na atualidade esta afirmação não deixa de ter detratores. Para alguns políticos e economistas, as idéias de Keynes são tão perigosas e subversivas como as de Marx (1818-1883), uma curiosa ironia, posto que Keynes opunha-se por completo ao pensamento Marxista (Leia sobre Karl Marx (1818-1883))e era um defensor do sistema capitalista.
O seu desejo era melhorar o sistema e não destruí-lo, como Marx (1818-1883) desejava.
O motivo da desconfiança em relação a Keynes é que mais que nenhum outro economista ele é o pai da idéia da “economia mista”, na qual o governo tem um papel essencial na coordenação dos mercados. Para muitos pensadores desta época, todas as atividades do governo estão sob suspeita e são prejudiciais para a economia.
Por essas razões, está desacreditado, mas, apesar disso, continua um dos grandes inovadores da economia, uma inteligência que deve ser vista, junto a Adam Smith e Marx (1818-1883), como uma das mais influentes que tem produzido a economia.
Todos os grandes economistas foram produtos de suas épocas: Smith, a voz do capitalismo incipiente e otimista, Marx (1818-1883), o porta-voz das vítimas do seu mais sombrio período industrial, Keynes, o subproduto de um capitalismo enfermo pela grande depressão.
A depressão econômica golpeou os Estados Unidos como um furacão. A metade do valor de sua produção desapareceu. Um quarto da força laboral perdeu seu trabalho. Mais de um milhão de famílias das cidades encontravam-se com suas hipotecas imobiliárias vencidas e perderam suas casas.
Perderam-se nove milhões de contas de poupança quando fecharam-se os bancos, para não abrir jamais. Contra esta terrível realidade de desemprego e perda da renda, a economia, assim como as empresas e o governo, não tinham nada para oferecer a ninguém. Basicamente, os economistas encontravam-se tão perplexos ante o comportamento da economia como o resto do povo norte-americano.
A Teoria Geral
Foi neste ambiente de consternação e quase pânico que apareceu o grande livro de Keynes: Teoria Geral do Emprego, Juro e a Moeda. Um livro complicado, muito mais técnico do que a Riqueza das Nações (Smith) e do que O Capital (Marx (1818-1883)). No entanto, tinha uma mensagem central fácil de entender.
Keynes nos dizia que o nível global de atividade econômica num sistema capitalista dependia do desejo de seus empresários de realizar investimentos de capital.
De quando em quando, este desejo ficava obstruído por considerações que tornavam difícil ou impossível a acumulação de capital: no modelo de Smith via-se a possibilidade de os salários aumentarem demasiado rápido e a teoria de Marx (1818-1883) apontava dificuldades em cada etapa do processo de acumulação.
Todos os economistas anteriores, incluindo o próprio Marx (1818-1883), até certo ponto, acreditavam que o processo de acumulação poderia sofrer retrocessos, mas estes não seriam permanentes. Na proposta de Smith, a crescente oferta de trabalhadores manteria controlados os salários.
Segundo Marx (1818-1883), cada crise capitalista (até a última) oferecia, aos empresários sobreviventes, novas oportunidades de reassumir o processo de acumulação.
No entanto, para Keynes, o diagnóstico era mais severo. Ele demonstrou que um sistema de mercado poderia chegar a uma posição de equilíbrio com desemprego - uma espécie de estado permanente de estagnação - apesar da presença de desempregados e de equipamento industrial ocioso. A importância revolucionária da teoria de Keynes era que, segundo ele, não existia a propriedade de autoconservação no sistema de mercado que mantivesse o crescimento do capitalismo.
O Papel do Governo
Para entendermos as idéias de Keynes, precisamos entender o contexto em que se produziu a sua teoria global. O mundo na época dele era de desemprego e depressão. Os mecanismos, que antigamente promoviam a acumulação de capital de forma automática, desapareceram. Os investimentos privados estavam deprimidos.
A solução seria encontrar um novo mecanismo que estimulasse os investimentos privados.
Para Keynes somente existia uma possível fonte de estímulo e esta era aumentar os investimentos do setor público. O ponto central da mensagem de Keynes era que o dispêndio do governo poderia ser uma política econômica essencial para que o capitalismo deprimido tratasse de recuperar sua vitalidade.
A proposta de Keynes de aumentar os gastos do governo em época de grave depressão não deve ser confundida com o desejo de intervenção permanente por parte do Estado em assuntos da economia privada.
A proposta de Keynes era a de uma intervenção seletiva, que ajudasse a restaurar a economia de mercado.Tão logo os investimentos privados se recuperassem, o Estado devia se retirar do cenário e cuidar de suas atividades reguladoras e deixar o mercado trabalhar em perfeita harmonia.
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