Martin Heidegger (1889-1970)
Filósofo alemão, considerado um dos mais importantes pensadores de todos os tempos. Nasceu em Messkirch, na província de Baden. Estudou na Universidade de Freiburg, sendo aluno de Edmund Husserl (1859-1938). Obteve, nesta universidade, o grau de doutor, em 1914, passando, dois anos depois, a lecionar nesta instituição.
Em 1923, entrou para a Universidade de Marburgo, começando a sobressair por suas interpretações contundentes e originais do pensamento antigo. Em 1928, voltou à Universidade de Freiburg, assumindo a cátedra que pertencera a Husserl (1859-1938). Em 1933, com a ascensão do nazismo, Heidegger foi nomeado reitor desta universidade, devido à sua posição simpática a este partido.
Apesar de haver saudado o nazismo como uma possibilidade de transformação da nação alemã, Heidegger só permaneceu oito meses no cargo, abrindo mão dele por recusar-se a demitir professores judeus e aqueles cuja posição política era hostil ao regime. Passou a dedicar-se, unicamente, a seus cursos.
Em 1945, com o fim da guerra, as autoridades de ocupação francesa na Alemanha o proibiram de ensinar, suspendendo suas funções na Universidade de Freiburg. Heidegger passou a dar conferências para círculos restritos e clandestinos, voltando à Universidade, com o fim da interdição, em 1951. Em 1953, aposentou-se como professor emérito da Universidade de Freiburg, dedicando-se a suas obras e mantendo, apenas, um pequeno grupo de discípulos.
Algumas de suas principais obras: Ser e Tempo; Sobre o humanismo; Kant (1724-1804) e o problema da metafísica; Que é metafísica; Da essência do fundamento; Da essência da verdade; A doutrina platônica da verdade; O caminho do campo; Introdução à metafísica; Que significa pensar; Nietzsche (1844-1900); O princípio de razão; A origem da obra de arte; Os conceitos fundamentais da metafísica; Princípios fundamentais da fenomenologia; Heráclito (século VI a.C - século V); Parmênides; ensaios e conferências; Caminhos que não levam a parte alguma; Que é uma coisa; Encaminhamento à linguagem.
Podemos compreender o projeto filosófico de Heidegger através do esclarecimento do sentido de destruição ontológica que há na sua obra. A destruição ontológica pretende operar uma crítica de como a metafísica pensa o ser para poder recolocar a sua questão em seu próprio fundamento. Através de um diálogo com a tradição filosófica ocidental, Heidegger pretende demonstrar o fundo impensado de tudo o que por ela foi pensado para, através da caracterização da diferença ontológica, indicar a constituição onto-teo-lógica da metafísica e a necessidade de se pensar a questão do ser em um outro fundamento.
A diferença ontológica significa, formalmente, que o ser não é um ente, logo ele não pode ser pensado do mesmo modo que pensamos os entes. Por sua vez, a constituição onto-teo-lógica da metafísica indica o fato de ela nunca ter pensado a diferença entre ser e ente e, por isso, sempre pensou o ser como se ele fosse um ente possível; por isso ela se caracteriza em ser uma ciência (lógica) que pesquisa o ser (onto), determinando-o como se ele fosse uma causa primeira: Deus (teo): o pensamento metafísico sempre pensou o ser como essência e, esta, como um fundamento primeiro: a idéia, para Platão; a enérgia, para Aristóteles (384-322 a.C.); a consciência, para Descartes (1596-1650); a razão, para Kant (1724-1804); o espírito, para Hegel (1770-1831); a vontade de poder e o eterno-retorno, para Nietzsche (1844-1900).
O projeto filosófico de Heidegger propõe, em um diálogo com os pensadores, mostrar a diferença ontológica e, com isso, indicar a necessidade de superar a característica onto-teo-lógica de nossa filosofia, elaborando a questão do ser em um novo horizonte de pensamento.
Este projeto, que se desdobra ao longo de toda sua obra, contém diversos momentos e diferentes estratégias. Ele nasce com a obra Ser e Tempo, publicado em 1927. Neste livro, Heidegger propõe colocar a questão do ser no horizonte de interpretação do tempo. Com este propósito, Heidegger elabora uma ontologia fenomenológica, através de uma analítica existencial de nosso modo de ser no mundo, mostrando como o tempo é o horizonte possível de toda a nossa compreensão de ser.
Apesar de alguns comentadores dizerem se tratar de um segundo momento de seu pensamento, Heidegger nos afirma que as questões da técnica e da linguagem, que vão sobressair posteriormente em sua obra, nascem da própria necessidade histórica da questão do ser, exposta em Ser e Tempo; sendo portanto um mesmo projeto de pensamento que, ao contrário de se findar na conclusão de sua questão, se desdobra sempre em novas tarefas.
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Martin Heidegger (Alemanha)
Obra:
Heidegger - Que é isto - a Filosofia? (54K) (pdf)